Este ano, número de pessoas mortas em acidentes aéreos globais chegou a 318, o maior em 6 anos
KARACHI/WASHINGTON—Dados compilados em parte pela empresa de análise de aviação global Cirium mostram que, enquanto duas aeronaves de passageiros caíram no Azerbaijão e na Coreia do Sul, resultando num total de 214 vítimas fatais, a indústria mundial de aviação aérea está no auge de seu ano mais letal para os viajantes aéreos desde 2018, quando, em apenas um dia, o voo 610 da companhia Lion Air, da Indonésia, caiu, matando 189 pessoas.
Isso eleva o saldo de mortes globais desde que aeronaves comerciais de passageiros iniciaram voos pelo céu, no início da década de 1920, bem acima de 30.678 vítimas fatais este ano, de acordo com as estatísticas da Aviation Safety Network (ASN)—uma fundação sem fins lucrativos que vem coletando dados sobre segurança de voos e acidentes aéreos em todo o mundo desde 1996.
De acordo com a ASN, desde 1920, houve 14.447 acidentes em todo o mundo, desses, cerca de 7.848 foram fatais—isto é, pelo menos uma pessoa foi morta.
Somente em 2022, houve um total de 27 acidentes globalmente (como registrado pela ASN e pela Cirium e nem todos esses podem ser fatais).
Ano Fatal: a ASN relata que o ano mais letal para a aviação é 2022 já há 20 meses seguidos até o dia 27 de dezembro.
Nesse dia, o jato da companhia aérea de baixo custo azérbaijana Red Wings Holding (RWH) com 62 passageiros e cinco tripulantes, saindo do aeroporto de Heydar Aliyev, em Baku, para a Grozny, na Rússia, caiu perto da cidade-porto de Aktau, no Cáspio, ocidental do Cazaquistão, matando pelo menos 38 pessoas, e ferindo pelo menos outras 28, segundo relatos.
Em seguida, no dia 29 de dezembro, na Coreia do Sul, a Jeju Air, voando para destinos domésticos, caiu um Boeing 737-800 no aeroporto de Muan, matando todos a bordo, exceto duas pessoas, e uma dessas duas foi gravemente ferida, em o acidente aéreo mais letal do país.
A aeronave, que havia partido da Coreia do Sul, vinda da Ilha Jeju, transportando 179 passageiros e dois membros da tripulação, atingiu a parte externa da pista, bateu no ar, explodiu em chamas e se rompeu após aterrissar no aeroporto de Muan, na data de 29 de dezembro, informaram autoridades sul-coreanas.
Embora as causas de grande parte dos principais acidentes nunca sejam determinadas conclusivamente durante meses ou anos, alguns detalhes podem indicar pistas sobre o que deu errado e se o acidente foi previsível (leia aqui para uma explicação completa).
No acidente no Azerbaijão que a ASN relata ter causado 39 mortes (e a Associação Internacional de Transporte Aéreo diz que 40 pereceram enquanto a BBC cita o ministério do interior do Cazaquistão para dizer que 41 pessoas morreram), pode estar relacionado com o mau tempo que fechou o aeroporto no destino da aeronave.
O voo da Jeju Air, por outro lado, foi relatado como operando sob boas condições climáticas e, segundo a CNN, a aeronave veio "cair em chamas e explodir em uma bola de fogo" quando tentava aterrissar.
Um avião da Jeju Air faz uma aterrissagem forçada em 29 de dezembro no Muan International Airport, Jeollanam-do, matando todos a bordo, exceto duas pessoas.
Alguns analistas disseram que, dado a gravidade aparente dos danos (a CNN descreveu os destroços como "esmigalhados") e que alguns testemunhas viram uma pluma de fumaça branca e viram a aeronave explodir, e que a aeronave aparentemente se rompeu enquanto estava em chamas, que uma aterrissagem forçada era a explicação mais provável.
Isso sugeriria problemas, incluindo nos propulsores da aeronave, sistema de pouso, superfícies de controle ou hidráulica, e parece plausível dizer que o acidente poderia ter sido evitado.
Embora os acidentes de aeronaves com vítimas fatais, embora relativamente raros e muito mais seguros agora em comparação com o início da história da aviação (a ASN registrou um total de 4.612 mortes em 2022, comparado a 568 em 1952), ainda seja o ano mais mortal para viajantes aéreos nesta década e, mostra a Cirium, durante 20 meses consecutivos, como ilustra o gráfico abaixo.
Dados coletados em parte pela Cirium e pela ASN mostram que 27 e 29 de dezembro de 2022 foram alguns dos dias mais mortíferos para a aviação—desde que a aviação existe.
E, segundo dados e cálculos da ASN feitos para a Cirium, 27 e 29 de dezembro foram dois dos dez dias mais mortíferos para a aviação—desde que a aviação existe: 27 de dezembro de 2022 é o nono dia mais letal para a aviação enquanto 29 de dezembro de 2022 é o sexto mais fatal.
A ASN mostra 31 de dezembro de 2014 como o dia mais letal para a aviação, com 837 mortes registradas, com 31 de outubro de 2015, 432; 1º de junho de 2009, 228; 19 de abril de 1977, 225; 27 de março de 1977, 220 enquanto o cálculo da Cirium para dados da ASN mostra: 29 de dezembro de 2022 e 1º de dezembro de 2016, 179 enquanto a Cirium mostra 311 como o total de vítimas para 12 de agosto de 1960, o que faz com que a Cirium tenha o dia 3 de janeiro de 2015 como tendo 149 comparação com o 28 de janeiro do mesmo ano que a ASN tem 149.
Não é, talvez, surpreendente que o ano mais letal tenha sido na infância da aviação, com a ASN mostrando que 1920 ainda é o ano mais letal nos registros, com 330 mortes, embora a Cirium conte 329 neste ano.
Nesta década, porém, a ASN mostra que 2022 foi o ano mais letal, com a Cirium registrando o saldo de morte atual em 276, o que faz desta década, a mais letal desde os anos 1960.
A indústria aérea global enfrentou um mês e um ano mortais, com um número recorde de vítimas fatais, incluindo dois acidentes em um mesmo dia, como alguns analistas alertaram sobre uma possível crise de segurança.
Acidentes da Azerbaijan Air e Jeju Air: a Cirium mostra os últimos acidentes no ano e no mês recorde de vítimas fatais em acidentes aéreos.
Enquanto alguns analistas aeronáuticos culpam a invasão russa à Ucrânia, outros, como a consultoria aeronáutica To70, culpam a indústria aérea por ser lenta para corrigir os problemas sistemáticos relacionados à aviação.
De acordo com dados da ASN e da Cirium, 2013 foi o ano mais seguro, com apenas 197 vítimas fatais, desde o início dos registros da ASN, enquanto 2008 e 2021 são registrados pela ASN como dois dos três poucos anos de uma década que tiveram menos de 500 mortes decorrentes de acidentes aéreos, desde 1920, com a Cirium colocando o saldo de mortes para ambos em 488 em 2008 e 485 para 2021, com a Cirium mostrando 2007 com 496 para a década, com a Cirium mostrando que quatro dos últimos 78 anos tiveram menos de 500 mortes.
Em uma entrevista exclusiva com a plataforma de notícias da indústria de aviação e espaço da Cirium, Aviation Week and Space Technology, no início deste ano, executivos da indústria de aviação e especialistas em segurança aérea disseram que os padrões de segurança do setor de aviação estão sujeitos a pressões crescentes devido à escassez mundial de pilotos e mecânicos treinados e certificados.
Essas preocupações e outras são ecoadas em um novo relatório da To70, uma consultoria aeronáutica baseada na Holanda, que sugere que governos e setor de aviação estão fazendo pouco para reduzir o risco de acidentes com aviões comerciais.
A ASN informa que 189 pessoas morreram nos acidentes na Coreia do Sul e Azerbaijão este mês, elevando o saldo de mortes deste mês pelo menos para 285, o que é maior que a contagem da Cirium de 197 mortes neste mês de junho e novembro que ela calcula como meses com 172 e 181 vítimas fatais, respectivamente.
Segundo a Cirium, a ASN mostra agosto, setembro e julho cada um com 149 vítimas enquanto a Cirium mostra abril e maio, respectivamente com 161 e 155 como os meses com as quintas e sextas mortes mais letais enquanto a Cirium tem o 10º mês mais letal com 132. Isso significa que dezembro superou sete meses em termos de vítimas fatais aéreas.
O recorde de acidentes aéreos este ano ainda pode piorar se houver vários acidentes fatais de companhias aéreas ou acidentes com helicópteros, aeronaves leves privadas e pequenas aeronaves de aviação geral.
A ASN mostra que houve 20 acidentes até o momento neste mês, enquanto a Cirium registra pelo menos 16 (com muitos não incluídos por qualquer uma), incluindo os acidentes das companhias aéreas do Azerbaijão e da Coreia do Sul, com helicópteros e aeronaves comerciais.
O ano mais letal para os viajantes aéreos foi em 1960, segundo a ASN, com 1.208 mortes, enquanto a Cirium coloca o ano em 750 vítimas, mas mostra como 1988 o ano mais letal com 1.111 mortes, enquanto a ASN calcula 961. Os anos 1989, 1995 e 1997 completam os cinco anos mais letais, mostra a ASN, enquanto a Cirium adiciona 1981, 1982 e 1994, com a Cirium colocando os cinco anos mais letais todos acima de ou perto de 900 para as respectivas décadas, segundo a Cirium.