Comissária de bordo da Coreia do Sul sobreviveu à queda da cauda do avião e pode ficar paraplégica
SEOUL – Pelo menos 179 pessoas morreram após um Airbus ter se acidentado durante a aproximação para o aterrisagem em um aeroporto na Coreia do Sul. A seção da cauda da aeronave foi localizada perto do local do acidente de onça-feira; seus destroços foram consumidos desde então por uma enorme bola de fogo.
O acidente ocorreu logo após o avião, com 181 pessoas a bordo, que havia saído da Tailândia, tentar pousar no Aeroporto Internacional de Muju próximo à costa sul da Coreia do Sul.
Segundo um relatório preliminar, duas pessoas, ambos tripulantes de vôo, são acreditadas ter sobrevivido ao incidente. Um dos sobreviventes, um homem de 33 anos cujo sobrenome é Lee, teria ficado em choque após o acidente – seu corpo e rosto "cheios de ferimentos" e queimaduras.
Em imagens obtidas pela CNN, Lee, visivelmente emocionado, é visto andando em direção do local, apoiado por bombeiros, com seu corpo coberto de ataduras. Em entrevistas, ele lembra apenas de uma sensação de turbulência durante o que deveria ser um pouso rotineiro na Coreia do Sul.
"Nosso avião estava voando baixo", disse Lee. "Mas, de repente, fez uma subida brusca. Depois de um tempo, nosso avião se acidentou."
Outro tripulante sobrevivente disse que se lembrou que um de seus motores estourou em uma nuvem de fumaça apenas momentos após ele ter iniciado sua descida. "Depois nós nos esmagamos ", lembrou ela. A causa do acidente ainda deve ser determinada.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, foi suspenso oficialmente de seu cargo no início deste mês após a decisão de reintegrar nove oficiais militares que haviam sido demitidos anteriormente com desonra ou demitidos por denúncias de corrupção e abuso. A mídia sul-coreana informou que Yoon está sob investigação criminal após a reintegração.
Yoon, que atualmente está em isolamento auto-imposto, divulgou nesta terça-feira à tarde um comunicado que não trata da investigação e das suas consequências ainda em andamento.
"É uma tragédia sem precedentes e sinto-me muito triste", disse ele. "Como presidente, farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar os familiares das vítimas mortas e as vítimas."
O governo, acrescentou Yoon, fará tudo em seu poder para descobrir a causa do acidente e evitar futuros.
O aeroporto de Muju está localizado na cidade de Muan, no sudoeste da província de Jeolla do Sul, uma província rural que fica a cerca de 290 quilômetros ao sul da capital da Coreia do Sul, Seul. A principal pista de decolagem de 2.400 metros do aeroporto apenas pode acomodar aeronaves regionais mais pequenas – e o Boeing 737 que se acidentou na terça-feira excedeu essa capacidade.
O avião que se acidentou na terça-feira pertencia à Jeju Air, uma companhia aérea de baixo custo sul-coreana, e transportava 173 nacionais sul-coreanos e dois nacionais tailandeses. Ele havia partido de Bangkok na madrugada de terça-feira.
De acordo com a agência de notícias Yonhap, da Coreia do Sul, o Boeing 737 estava prestes a pousar no aeroporto de Muju por volta das 8h30 (horário local) na quarta-feira. Mas durante seu primeiro tentativa de pouso, o avião foi forçado a executar uma subida de emergência, de acordo com a Aviation Safety Office, uma divisão civil do Exército do país. O avião mergulhou de volta para o solo momentos depois.
O avião estourou em uma bola de fogo quando chegou primeiro ao solo, disse um oficial da polícia regional. Alguns relatórios locais disseram que várias pessoas foram "sugadas" para fora do avião quando ele atingiu uma parede de contenção próxima.
O acidente ocorreu em um céu azul claro. O clima era ideal em Muju no momento, de acordo com o serviço meteorológico da Coreia do Sul.
Mas a lembrança de Lee sobre uma explosão de motor alta levou um especialista em aviação local a expressar preocupações sobre o possível impacto de um corpo estranho atingindo o motor da aeronave. Lee disse que a aeronave começou a fazer barulhos altos e bruscos pouco antes de começar a ascender bruscamente e girar sem controle.
Um estudo de 2017 publicado na International Journal of Aeronautical and Space Sciences descobriu que um ganso pesando cerca de 4 quilos pode causar consideráveis danos a aeronaves comerciais, especialmente perto de motores de um avião durante o pouso ou durante a decolagem. O estudo também concluiu que aves médio-tamanhos ou maiores são mais propensas a causar danos a aviões".
Em uma declaração por escrito enviada à Foreign Policy, a Jeju Air disse que "a causa do acidente não foi revelada e, por isso, não podemos comentar mais sobre o assunto neste momento."
Os telespectadores da televisão na Coreia do Sul foram interrompidos durante o horário nobre na terça-feira por notícias sobre o acidente. A Coreia do Sul está em meio à sua temporada oficial de férias, e as estações de televisão normalmente transmitem especiais festivos e felizes para o período das festas de fim de ano. No entanto, várias estações cancelaram sua programação de férias e, em vez disso, transmitiram imagens da missão de resgate ainda em andamento.
O presidente Yoon enfrentou um forte rechaço de conservadores sul-coreanos por sua decisão no fim de dezembro de readmitir nove oficiais militares que anteriormente enfrentaram punições após serem julgados como culpados de corrupção e abuso. A reintegração militar provocou um escândalo nacional, forçando a Assembleia Nacional da Coreia do Sul a processar impeachment Yoon no início deste mês e permitindo que o vice-ministro da Economia e diretor financeiro do país, Choi Seong-mu, assumisse por pouco tempo funções presidenciais.
Yoon, de 62 anos, permaneceu largamente isolado na presidencial Blue House ao longo do processo de impeachment em curso. Ele não conseguiu sair de sua residência oficial sem violar a ordem de lei marcial do país, uma diretiva de Yoon invocada após a votação do impeachment para restaurar seus poderes presidenciais suspensos. Um juiz militar deve render veredicto sobre o processo de Yoon no dia 13 de janeiro.
O principal partido de oposição da Coreia do Sul havia convocado um ato na quarta-feira nas dependências da Blue House para exigir que Yoon seja removido permanentemente de seu cargo.
Mas, após o acidente, a imprensa local informou que o ato estava sendo adiado – e alguns observadores esperam que o confronto político da Coreia do Sul seja adiado por vários dias. As duas maiores partidos rivais da Assembleia Nacional da Coreia do Sul – o partido do governo People Power Party e o partido oposicionista Democratic Party já haviam divulgado declarações prometendo oferecer apoio às famílias das vítimas antes do feriado da noite do ano novo.