Homem filmou acidente completo de avião de passageiros da Coreia a 300 metros de distância: onda de calor veio como uma sauna

Homem filmou acidente completo de avião de passageiros da Coreia a 300 metros de distância: onda de calor veio como uma sauna

Segundo uma coletiva de imprensa feita na última quinta-feira, no horário local, pela ministra sul-coreana de Transportes e Infraestrutura, o aeroporto internacional de Geumsan, palco de um acidente aéreo mortal, estará fechado até 7 de janeiro. De lá para frente, ele permanecerá fechado até novo aviso.

A quarta-feira, 29 de dezembro, um avião de passageiros doméstico sul-coreano caiu em Geumsan (na província sul-coreana de Chungcheongnam), pegando fogo depois que seu pouso saiu do controle e o avião saiu da cabeceira da pista de pouso. Como o escombros atingiram a parede perimetral do aeroporto, o avião explodiu em uma grande bola de fogo, com destroços voando por toda parte.

Investigadores sul-coreanos dizem que o avião envolvido era o voo 7C2216 da Jeju Air, que na hora do acidente estava em trajeto para Bangkok, na Tailândia. A bordo estavam 175 passageiros e seis tripulantes, todos, menos dois, morreram na conflagração. Isso faz com que este seja o incidente de aviação mais fatal da Coreia do Sul até hoje.

Homem local filma vídeo de colisão

De acordo com relatos do diário conservador sul-coreano The Chosun Ilbo, assim como o centro-esquerda Kyunghyang Shinmun, um vídeo da colisão foi gravado por uma testemunha que estava no telhado de um prédio a cerca de 300 metros de distância. Acredita-se que o material filmado pela testemunha nos minutos que antecederam e logo após o acidente possa ser o relato mais confiável do que aconteceu, já que os investigadores tentam desenrolar os porquês da fatalidade.

Segundo uma tradução do Chosun.com, do South China Morning Post, o material foi gravado por um homem de 49 anos chamado Lee Gyeon-eui (os nomes coreanos são dados com sobrenomes primeiro) quando ele assistia, em horror, do telhado do seu restaurante.

Lee disse que ele opera um restaurante próximo do final da cabeceira do aeroporto em Geumsan, a aproximadamente 300 metros de distância. Ele estava se preparando para abrir o restaurante na manhã do acidente, 29 de dezembro, cerca de 50 minutos atrasado de seu horário habitual.

"Eu estava para acender a brasa de carvão (para preparar alimentos para churrasco) por volta do meio dia, quando eu ouvi um estrondo 'bom, bom, boooooom' repentinamente", ele é citado como tendo dito. "Parecia explosões, com cerca de três estrondos em sequência. Olhei para cima, e percebi um avião descendo, mas não muito certo. O avião normalmente voa na direção da pista de aterrissagem do aeroporto, da direita para a esquerda quando visto a partir do restaurante, e na maioria das vezes parece estar 'sumindo' um pouco quando pousam".

"Mas este avião passou bem sobre o restaurante – eu nunca havia visto isto antes. Eu assisti o avião por mais cinco ou dez segundos. Pude sentir que o trem de pouso não estava abaixado – vi claramente o capô da roda – e o avião parecia estar rodando levemente, mas não muito agudamente como deveria".

"Pensei que algo, simplesmente, não estava muito certo nos movimentos do avião, então, imediatamente fui até o telhado do restaurante e tirei o telefone com a câmera mais avançada. Comecei a gravar um vídeo do topo do edifício, olhando sobre a cabeceira da pista. O avião pousou perto do meio da pista, e então começou repentinamente a pender para um lado e foi diretamente contra a cerca perimetral do aeroporto. Então, explodiu – e você conseguia sentir o calor a 300 metros e alguns metros de distância!"

Lee diz que seu restaurante fica do lado do aeroporto usado por aviões comerciais. Uma pista militar separada está próxima, mas é raramente usada. Lee diz que ele nunca havia visto anteriormente um voo comercial chegando e passando perto do seu estabelecimento antes de pousar.

"É possível que eu tenha dormido em outras ocasiões quando vôos como esse aconteceram e nunca me dei conta", disse Lee. "Mas tenho certeza de que eu jamais observava algo assim anteriormente. Também, eu gostaria de acrescentar que o restaurante está no segundo andar – eu vi o avião sobrevoando claramente meu prédio – então, era muito próximo!"

Lee anteriormente não sabia que a cidade de Geumsan era usada por aviões comerciais, mas que mudou para ele. No dia antes do acidente ele foi para cima do telhado do aeroporto, curioso após ler notícias de que um voo comercial iria aterrissar na cidade por volta de meia manhã.

Ele diz: "Eu tive a sensação pela manhã do acidente que algo muito ruim iria acontecer, e meus instintos foram atendidos. Agora, não consigo parar de pensar sobre isso, ou tirar os horrores daquelas imagens da minha cabeça.".

A explosão

Lee acrescenta: "Um amigo muito próximo de mim perdeu uma criança no acidente e está muito triste. Eu também me sinto mal – por que isso precisava acontecer aqui neste aeroporto? Por que aqui e não em um aeroporto maior?".

"A única coisa que quero desta situação é ajudar as investigações do acidente ao permitir que assistam o meu filme, para o benefício de uma maior segurança aérea. Permitir que estudem o que eu filmei, e porque isso aconteceu, é o máximo que posso fazer, acho eu, mesmo que assistir novamente para as investigações do acidente me fez derramar mais lágrimas por causa da morte desnecessária de tanto passageiros e membros da tripulação. O avião caiu no ponto exato onde meu amigo possui um terreno, e ele e sua criança estão sendo incapazes de retornar, apesar da família estar de luto profundo."

Lee também diz que houve um fato ainda mais chocante na cena – os bombeiros haviam chegado incrivelmente rápido até a cerca perimetral do aeroporto, mas não foi possível apagar as chamas.

"Por dez ou 15 segundos após a explosão, eu vi que os bombeiros já estavam lá e parecia impossível que o corpo de bombeiros pudesse chegar em alguns segundos apenas para combater a conflagração – talvez algumas unidades de bombeiros estivessem no campo aéreo já, não tenho certeza", diz ele, conforme citado no site Ministério dos Transportes. "Descobri depois, no entanto, que as equipes de combate a incêndio levaram cerca de 40 minutos para apagar completamente as chamas. Não pude ver muito mais. Não percebi que as pessoas que estavam no avião ainda estavam vivas e desesperadamente tentando escapar, mesmo depois de tanto tempo!"

Quando a explosão aconteceu – senti como se eu estivesse perto de um vulcão entrando em erupção – tão intensa e quente foi a explosão. Eu estava a cerca de 300 metros, mas poderia ter sido queimado pelo estouro. Não consigo realmente conversar sobre os sentimentos ou emoções que sofri, e eu não me orgulho de ter filmado essas coisas e ser um dos poucos que conseguiram mostrar claramente o que aconteceu".

"Mas eu queria que tivesse dado certo – que todos saíssem desse avião em segurança e continuassem suas jornadas, talvez para uma vida melhor. eu tive a sensação de que algo ruim iria acontecer, e eu realmente queria que as coisas dessem certo. Em vez disso, eu vi como as coisas terminaram horrivelmente, e tudo o que eu queria fazer era ajudar."

Lee estava conversando com o jornal Kyunghyang Shinmun no dia do acidente e disse que havia visto patos em grupo voando pelo entorno da área anteriormente.

"Isto pessoalmente eu tenho escutado que uma das razões para a explosão do avião foi um ataque de gansos, o que não é um evento estranho", disse ele aos repórteres. No entanto, Lee acrescentou: "Pessoalmente eu vi que aviões e patos voam em volta do aeroporto antes. E na hora do acidente aéreo, é verdade, eu não vi nenhum pato no céu quando olhei pela janela do restaurante após ouvir barulhos altos, mas, é claro, não é certo que eu não os tenha visto."

"Tudo que eu queria dizer é que não os vi com meus olhos, então, não quis dizer que isso não é verdade como uma declaração objetiva. Eu me desculpo por esse mal entendido", disse Lee.

O aeroporto de Geumsan, palco do acidente, não é normalmente utilizado por voos comerciais; o principal aeroporto da província sul-coreana de Jeolla do Sul, onde ele está localizado, fica perto da cidade de Mokpo, a aproximadamente 160 quilômetros ao sul de Seul. Nos dias e semanas seguintes, os oficiais aéreos sul-coreanos estarão sob considerável pressão nacional e internacional para não repetir os erros que levaram o desastre aéreo da semana passada.