Como George Washington fez o Estados Unidos ser grande
Enquanto ele caminhava por terras inóspitas com seus instrumentos de levantamento topográfico, havia muitos impedimentos que ele precisava transpor além de galhos de árvores e altos arbustos; ele tinha que abrir caminho com muito esforço, enfrentando dúvidas e inseguranças pessoais sobre seu futuro. Ele foi, nesta época, como um bloco de mármore rústico nas mãos de um escultor, esperando ser moldado e, então, refinado e aperfeiçoado; apenas ele não poderia saber quando, como ou mesmo se isso algum dia aconteceria. O grande "se" era a palavra operacional de sua vida.
Em termos de seus dotes naturais, o aspecto físico estava desenvolvido; sua estatura e presença dominadoras já se manifestavam. Mas ele ainda estava carente no campo do ser interior, que poderia complementar e melhorar o ser exterior. Esse crescimento no desenvolvimento foi o que ele se propôs a realizar e que, ao longo de toda a vida, ele faria.
Ele não poderia saber que o George Washington que se tornou um levantador de terras se tornaria o George Washington dos engenhos do Tidewater e, depois, se transformaria no George Washington "O Pai de Seu País", aquele que seria homenageado pelo major-general Henry "Light Horse Harry" Lee como "O primeiro em guerra, o primeiro em paz e o primeiro no coração de seus compatriotas". Esse julgamento só seria feito quando uma vida inteira de realizações ficasse para trás dele, sendo a maior delas o desafio a um monarca terreno e ao mais poderoso império do planeta para estabelecer algo que nunca foi concebido antes pelas mentes dos homens: um país composto por Estados Unidos dedicados ao princípio do republicanismodemocrático.
Por um tempo, no entanto, seus sonhos não chegavam a tais alturas exaltadas, seu principal objetivo era ser senhor de seu plantio sonhado, o Mount Vernon. Mas o Destino tinha outro objetivo para ele; ele seria o primeiro Presidente sobre seu país sonhado, a América. Entre esses dois sonhos, ele se tornaria, através de uma série de escolhas com propósito, o homem que conhecemos hoje como o revolucionário que se tornou o primeiro Presidente de seu país, que, no auge da vitória e do poder, renunciou voluntariamente ao seu alto cargo, assim estabelecendo um precedente de desprendimento e de não ambição para com seu cargo — algo que nenhum monarca ou rei do passado poderia conceber, muito menos fazer; esse último ato confundiria e deslumbraria seus compatriotas, sem falar no próprio rei que ele derrubara e vencera, tanto nos campos de batalha militares, como também nos campos de batalha de ideias.
O título do livro biográfico de James Thomas Flexner descreve-o de forma concisa: O Homem Indispensável. De fato, ele foi indispensável a seu país, porque dedicou sua vida a ser indispensável a seu país. Ele conseguiu manter o país unido, porque teve maior domínio sobre si mesmo, simplesmente por ser humano. O Washington estoico tinha um forte temperamento, quase volcânico, que, se ele tivesse soltado, poderia tê-lo destruído. Embora observador e perspicaz, ele não era tão instruído quanto seus companheiros fundadores, e, como tal, sentia-se envergonhado por esse fato. Além disso, se realmente soubesse o que seus companheiros de país, John Adams e Thomas Jefferson, realmente pensavam sobre suas capacidades intelectuais, isso o envergonharia ainda mais. Embora tivesse uma mentalidade prática, ele também podia ser astuto, quando era necessário.
Mas foi seu autoconhecimento que o salvou. Esse pode ter sido seu mais importante traço pessoal. Por ter consciência de si mesmo de quem era, ele fez o que podia para se aperfeiçoar. Sabendo que não sabia, ele fez o que podia para se educar. Conhecendo seus próprios temores, ele se cercou de pessoas melhores do que ele, para que pudesse aprender as "artes" da sociedade polida e, assim, adquirir aquelas graças sociais que precisava para ser aceito e respeitado — e, posteriormente, imitado — em sua sociedade. Então, ele estudou, leu, escreveu e observou. À medida que sua grandeza madurou, ele se tornou mais humilde, modesto e cortês. Em todos os seus assuntos, ele era paciente e reservado. Foram essas armas reais que o ajudaram a vencer as muitas guerras de sua vida, sejam elas as batalhas nos campos de batalhas, ou as batalhas em seu próprio coração.
Antes de o Sr. Washington poder governar uma nação, ele tinha que governar a si mesmo. E por toda a vida, ele vivia por certos princípios que ele vez ou outra registrava e muitas vezes pensava. Por exemplo: "Seja cortês para com todos, mas íntimo de poucos, e deixe que esses poucos sejam bem provados antes de lhes dar sua confiança. Observe boa-fé e justiça para com todas as nações. Cultive a paz e a harmonia com todos. Os peitos dos homens, quando perturbados, são, em geral, mais propensos a paixões do que a razão. Proteja-se contra os embustes de um patriotismo fingido. Associe-se a homens de boa qualidade, se você aprecia sua própria reputação; pois é melhor estar sozinho do que em uma companhia ruim."
Mas talvez a declaração mais reveladora de todas fosse seu ardente desejo: "Espero que eu possua firmeza e virtude suficientes para manter o que considero o título mais invejável de todos, o caráter de um homem honesto."
E como o "homem indispensável" enxergaria seu país hoje? O que ele pensaria sobre seus feitos — e os problemas irredutíveis que ainda nos incomodam e nos angustiam a consciência nacional, e que parece desafiar toda solução? E, de forma mais direta, o que ele pensaria sobre aqueles que hoje buscam ocupar o cargo que ele um dia ocupara com tanta dignidade e respeito — o cargo que ele um dia buscou dotar com o manto do "caráter"?
Claro, não podemos saber o que George Washington faria, diria ou pensaria em nossa situação atual, pois não podemos evocá-lo de seu último repouso no solo do Mount Vernon. Mas podemos fazer o "próximo melhor": reaplicar as "armas" que ele usou durante toda a vida, como um meio de superar as adversidades e desafios que sempre se colocam diante dos americanos: essas sendo a humildade, a modéstia, a civilidade, a paciência e a reserva. Além disso, ele contava com a fé para lhe dar coragem para encontrar seu caminho através das tempestades da vida; essas também devem nos dar força nesse tempo em que vivemos, para enfrentarmos os desafios do momento. Esses princípios contribuíram para a formação de um homem e de um país; talvez eles possam fazê-lo novamente. Essas eram as lições, os faróis de luz que "O Pai de Seu País" legou a sua posteridade — lições que precisamos relembrar, se desejamos manter a grandeza que ele queria que seu país tivesse, aos olhos da humanidade — e da história.