George W. Bush comandou o país em um momento de grande desafio e mudança.

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George W. Bush comandou o país em um momento de grande desafio e mudança.

O presidente George W. Bush presidiu um período de grande tragédia e triunfo. Em diferentes momentos durante o seu mandato, ele se colocou entre os presidentes mais populares da história dos Estados Unidos, após o ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, e entre os menos populares, após a guerra no Iraque.

Seu mandato político inspirou grandes defensores e ferrenhos críticos. Ele será debatido e discutido por décadas.

O presidente George W. Bush assumiu o cargo em 2001 como o segundo presidente dos Estados Unidos cujo pai também havia sido presidente. O primeiro presidente George H.W. Bush cumpriu um mandato de 1989 a 1993. O outro pai e filho que conseguiram este feito foram John Adams, que governou entre 1797 e 1801, e seu filho John Quincy Adams, que governou entre 1825 e 1829. Além disso, George W. Bush se tornou um dos cinco presidentes dos EUA que ganharam a presidência pelo voto majoritário eleitoral, mas perderam o voto popular. Curiosamente, John Quincy Adams também ganhou a presidência sem ganhar o voto popular.

George W. Bush nasceu em 6 de julho de 1946, como filho mais velho de George Herbert Walker e de Barbara Pierce Bush, em Nova Iorque, Connecticut. O jovem Bush sempre seguiu o exemplo do seu pai, seja se alistando na milícia aérea do Texas ou ao chegar a ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos. Embora Bush não tenha sido um estudante excepcional, ele frequentou algumas das melhores escolas dos Estados Unidos, como a Phillips Academy Andover, a Universidade de Yale e a Harvard Business School.

O serviço militar de Bush foi controverso. Ele atuou como piloto na milícia aérea do Texas durante a Guerra do Vietnã, mas evitou o combate ao permanecer no país durante boa parte de seu período militar. Após a guerra, os esforços profissionais de Bush foram, em grande parte, um fracasso e mal definidos, e variavam de vender aviões a trabalhar no setor de vendas de álcool e imóveis. Bush acabou se estabelecendo no setor de petróleo e trabalhou para várias empresas diferentes antes de criar o seu próprio negócio de energia e se tornar sócio do time de beisebol Texas Rangers. Em 1977, ele se casou com Laura Welch, filha de um famoso doutor de Midland, no Texas. Eles tiveram duas filhas gêmeas, Jenna e Barbara, em 1981.

Como presidente, Bush era amplamente conhecido como um cristão evangélico, mas o seu despertar religioso, e com ele a sua abstinência, não ocorreu até que ele quase tivesse 40 anos. Ele creditou, posteriormente e de forma famosa, sua recuperação à intervenção de “algum poder superior” — que, disse ele, pode ser interpretado “da maneira que você quiser”. George W. Bush, Decision Points (Nova Iorque: Crown Publishers, 2010), 82.

Bush deu seu primeiro passo para o cargo político em 1978, ao entrar na vaga na Câmara de Deputados do Texas que estava sendo deixada pelo seu pai. No entanto, Bush foi facilmente derrotado pelo sucessor escolhido pelo atual ocupante da vaga. Ele não buscou mais um cargo eleito até sair do cargo de presidente.

Depois de perder a eleição para a Câmara, Bush se voltou para o setor de petróleo, trabalhando em várias empresas diferentes, e começou uma empresa de energia própria. Seu olfato para os negócios se aprimorou e Bush se tornou sócio de um time de beisebol. Em 1993, George W. Bush novamente buscou um cargo eleito. Ele foi o indicado do Partido Republicano para governador e, em seguida, venceu a popular governadora democrata Ann Richards, em uma inesperada reviravolta. Durante seu mandato, ele apoiou reformas no setor educacional, no sistema de justiça juvenil, na assistência social, e na reivindicação de indenizações. Ele também nomeou um número significativo de afro-americanos e latinos para cargos importantes de Estado.

Em 1998, Bush foi reeleito governador do Texas sem grandes dificuldades. Ele então lançou sua candidatura à presidência e venceu o senador John McCain, do Arizona, na indicação do Partido Republicano. Em novembro de 2000, Bush venceu o cargo de presidente contra o candidato do Partido Democrata e vice-presidente Al Gore, em uma das eleições mais polêmicas da história dos Estados Unidos. Gore venceu o voto popular nacional por mais de 500 mil votos, entretanto, Bush triunfou por um voto eleitoral, 271 a 266, no Estado decisivo da Flórida.

A margem de vitória de Bush foi a menor desde a vitória de Grover Cleveland por apenas 1 voto, em 1884, e a eleição não se encerrou até 13 de dezembro de 2000 — quando o Supremo Tribunal dos EUA julgou a favor de Bush. George W. Bush foi empossado como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2001.

George W. Bush lançou seu mandato presidencial contra um cenário político altamente polarizado. O Partido Republicano buscava recuperar a Casa Branca após oito anos de um mandato polêmico do presidente Bill Clinton e muitos democratas se recusavam a aceitar a eleição de 2000 como legítima.

O pensamento de “conservadorismo compassivo” de Bush definiu sua pauta de políticas domésticas. O conservadorismo compassivo era um pensamento político que usava princípios conservadores tradicionais, como o governo limitado e o mercado livre, para fomentar uma sociedade onde os indivíduos poderiam se erguer por si mesmos, e instituições locais, como as igrejas, pudessem ajudar aqueles que não conseguem se ajudar. O presidente Bush buscava criar uma cultura que oferecesse um trampolim para pessoas em situação de necessidade, sem criar uma sociedade dependentes do Estado. O conservadorismo compassivo, pensava Bush, seria o antídoto ao engenharia social liberal e um novo modo de governar.

Uma das principais iniciativas do programa compassivo de conservadorismo de Bush foi a iniciativa de serviços sociais baseada em fé. O presidente acreditava que as igrejas e outras organizações de base religiosa poderiam ajudar a entregar serviços sociais muito necessários às pessoas em situação de necessidade. Em 2001, ele criou o escritório da Casa Branca para iniciativas de base e comunidade de fé, que disponibilizou recursos federais para organizações religiosas, com o objetivo de encurtar a distância entre o governo e o setor privado.

A educação foi outro objetivo importante. Em 2001, com o apoio bipartidário no Congresso, Bush sancionou a Lei “No Child Left Behind Act” (Nenhum criança deixada para trás). A lei elevou os padrões nacionais de educação ao obrigar escolas a aplicar testes padronizados de âmbito estadual. Distritos escolares que não fizessem um progresso adequado por ano eram sujeitos à reestruturação. Embora fosse um esforço importante para elevar os padrões nacionais de educação, a lei também criou significativa controvérsia. Ela colocava os padrões dos testes nacionais acima dos currículos estaduais e locais e era altamente burocrática, enfraquecendo o controle local nas escolas.

A pauta doméstica de políticas do presidente Bush também se concentrava na reforma do setor de saúde. Seu Plano de Modernização do Medicare, de 2003, estabeleceu benefícios de medicamentos prescritos para idosos, com custo estimado em US$ 400 bilhões por década. O projeto de lei também criou contas de saúde que permitiam que os indivíduos reservassem dinheiro para despesas médicas e fez mudanças significativas no Medicare para oferecer um mercado de saúde mais competitivo.

Em 2003, o presidente pediu ao Congresso que implementasse seu plano de privatizar parcialmente o sistema de aposentadoria Social Security, permitindo que os indivíduos pudessem desviar uma certa quantia de dinheiro dos seus impostos para o sistema Social Security e direcioná-los a contas de investimento pessoais para a aposentadoria. Embora fosse um dos objetivos principais, a proposta de Bush acabou esbarrando no Congresso durante seu primeiro mandato.

O plano econômico de George W. Bush andava bastante de acordo com os princípios conservadores de lado do mercado. Em seu primeiro mandato, Bush conseguiu aprovar um plano de desoneração fiscal de US$ 1,35 trilhão, embora tenha custado um preço — ele teve que concordar que os cortes de impostos expirassem em 2010. Os críticos se referiam, debochadamente, ao plano de Bush como “Reagonomics lite” (economia Reagana leve). Ele não teve muito efeito para estimular o crescimento econômico, porque as receitas continuaram a diminuir e os gastos do governo continuaram a aumentar. Depois de herdar uma desaceleração em crescimento do final da era Clinton, o desemprego chegou a 6,3% em fevereiro de 2003, mas, até meados de 2006, caiu para 4,8%.

O índice Dow Jones Industrial ultrapassou 14.164 pontos em outubro de 2006, quase 6.200 pontos ou mais de 75% a partir de sua posse, em janeiro de 2001. O “estilo de mão leve” da administração Bush para a regulação econômica continuou, no entanto, já que o orçamento saía de superávits para um déficit anual acima de US$ 400 bilhões. Bush também comandou a reforma mais significativa do Código de Receita Interna desde a década de 1980, simplificando muitas áreas do código tributário federal, enquanto também aprovava novas leis com o objetivo de incentivar investimentos empresariais.

Em segurança nacional, o presidente Bush criou o Departamento de Segurança Nacional, aprovou o USA Patriot Act, para que o órgão tivesse mais poderes de polícia, e estabeleceu o Terrorist Threat Integration Center (Centro de Integração de Ameaças Terroristas), que foi feito para tornar o processo mais prático e coordenar informações entre agências federais. O vice-presidente Dick Cheney e outros chamados “neoconservadores” da administração Bush incentivavam uma política externa robusta e proativa, principalmente em relação a regimes rebeldes que patrocinavam o terror. Este grupo argumentava que, no mundo pós-11 de setembro, “a segurança do povo americano dependia de uma política externa americana ativa e propositiva”. Cheney argumentava que os Estados Unidos tinham que usar seu “poder militar para promover a causa da liberdade no palco mais amplo possível”. Muitos críticos discordavam veementemente deste ponto de vista.

Em política externa, o governo do presidente George W. Bush, no início, foi menos intervencionista do que prometera em sua campanha. Bush herdou uma agenda internacional com vários pontos quentes, incluindo relações com a China, relações Israel-Palestina, Rússia e Coreia do Norte. Bush esperava firmar um forte relacionamento com o presidente russo Vladimir Putin, acreditando que os dois líderes haviam estabelecido um entendimento pessoal. Este sonho, no entanto, logo desapareceu, já que os Estados Unidos e a Rússia se encontravam em desacordo sobre muitos temas, especialmente o abandono do Tratado de Mísseis Antibalísticos e a invasão do Iraque.

Em relação à China, os relacionamentos rapidamente se deterioraram depois que o piloto americano do exército, o tenente-comandante do EP3-D Shane Osborn e sua tripulação foram forçados a fazer um pouso de emergência no solo chinês, após um choque no ar com um caça chinês. Os chineses detiveram os americanos por quase duas semanas.